Recusa alimentar nos primeiros anos de vida: como lidar?

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É certo e sabido que os pais cujas crianças se alimentam bem, respiram de alivio e até demonstram grande orgulho em tornar público esse feito: “Eu cá não tenho motivo para me preocupar! O meu filho é muito boa boca!”. Por outro lado, quando os filhos são os chamados “piscos”, isto é uma grande dor de cabeça para os pais.

A questão é que este não é um processo linear e que, ao longo da sua vida, a criança vai revelando altos e baixos no que concerne ao seu apetite. É normal, faz parte!

Assim, é importante que os pais e cuidadores compreendam o que está por detrás desta variabilidade.

Está amplamente comprovado e preconizado pela OMS, que o leite materno exclusivo é o melhor alimento que o bebé pode ter até aos seus 6 meses de vida. No entanto, a partir daí, este torna-se insuficiente em termos de aporte nutricional, sendo necessário iniciar a diversificação alimentar da criança, a qual deve passar a estar incluída na alimentação familiar cerca dos 12 meses.

Sim, isto significa que aos 12 meses o vosso filho deve comer convosco à mesa, da vossa comida, com todos os cuidados inerentes!

Este é um processo de aprendizagem, quer em termos de sabor, quer em termos de texturas, pelo que a criança pode revelar alguma neofobia, ou seja, relutância em consumir novos alimentos. Este comportamento deve ser distinguido daquilo a que se chama uma aversão permanente ao alimento. Sabendo então que este é um comportamento transitório, e que são necessárias 5 a 12 exposições a um mesmo alimento para que a criança o aceite, este deve ser um caminho a fazer pelos pais em conjunto com a criança.

Por outro lado, está cientificamente provado que as crianças, no seu segundo ano de vida, apresentam um desaceleramento muito considerável no seu ritmo de crescimento. Ora, se as necessidades metabólicas diminuem, é expectável que também as necessidades de ingestão nutricional e, consequentemente, o apetite diminuam. Assim, a partir desta idade, aproximadamente, e até cerca dos 4/5 anos, é expectável que a criança apresente aquilo a que se chama anorexia fisiológica, ou oscilações no seu apetite.

É importante perceber que este é um processo normal e que ocorre sem que haja uma causa orgânica subjacente.

Tendo por base este conhecimento, é possível que os pais/cuidadores respirem de alívio, diminuam a sua ansiedade e consigam adotar algumas medidas:

• Não obrigar a criança a comer.
• Proporcionar diversidade alimentar e permitir que a criança escolha (dentro da refeição que lhe é apresentada) o que quer comer e a quantidade que quer comer.
• Manter regras e rotinas das refeições. A previsibilidade é muito importante para a auto-regulação e sentimento de segurança da criança.
• Evitar substituir a refeição por outros alimentos à escolha da criança, como guloseimas, por exemplo.
• Estimular o interesse da criança pelo momento da refeição incluindo-a na preparação/confeção, na escolha do menu, na criação de pratos apelativos, com cor e histórias associadas aos alimentos.
• Dar o exemplo! As crianças agem muito por imitação dos adultos. Se os pais não têm o hábito de comer sopa, como podem ambicionar que a criança o faça?

É importante que a criança desenvolva uma interação positiva com a alimentação e com o momento da refeição.

Sabe-se que uma associação negativa, pela vivência de momentos de tensão, ansiedade e stress, provoca ainda uma maior resistência à alimentação, com diminuição do apetite, podendo até ter repercussões negativas na vida adulta.

Esperamos que este artigo especial vos tenha dado esperança e tranquilidade se estão a atravessar uma fase de maior dificuldade na introdução de sólidos. Precisamos de atender a estes aspetos e perceber que está intimamente relacionado com o grau de desenvolvimento de cada criança e a fase que atravessa.

O segredo é sempre o amor e a paciência.

Encontramo-nos no próximo mês para mais um artigo especial?

 

Enfª Andreia Amaral e Enfª Tatiana Mouralinho
Projeto e blog SOSMAMÃ

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